Testemunho de um participante no intercâmbio: Liv Andrea Hauge
Estive em Maputo durante nove meses para o programa de intercâmbio MOVE na Music Crossroads Moçambique. Foram os melhores meses da minha vida até agora, por causa de toda a música e porque Maputo é uma cidade fixe com muitas pessoas maravilhosas!
Na Music Crossroads Academy, dei aulas de piano, fiz parte de uma banda feminina e de um grupo coral. Os alunos da Academia são um grupo adorável de jovens que têm um verdadeiro desejo de aprender. Os níveis dos alunos variam e isso é claramente percetível devido ao facto de muitos enfrentarem problemas de acesso a instrumentos fora da escola. Isto significa que não têm o tempo necessário para praticar e atingir o nível que desejam. A Academia é, portanto, um espaço muito importante – os alunos têm acesso a equipamento todos os dias para aprender e treinar.
Alguns estudantes estudam música porque só pensam em ser músicos, outros para terem algo para fazer depois dos estudos. É sabido que é difícil viver da tua música em Moçambique; por isso, muitos têm opções e planos de reserva, para o caso de não conseguirem sustentar-se.
Quando perguntei a um aluno da Academia, Teles Kossa, como é ser músico em Moçambique, ele respondeu-me: “É muito difícil. O problema não é arranjar concertos, mas sim ser pago. Há também um problema com a música e com todas as outras formas de arte – não são reconhecidas como uma verdadeira profissão. Se digo às pessoas que estudo música, elas não percebem o nível ou até mesmo o porquê”.
A resposta mais comum que recebe é: “Porquê? Como é que vais alimentar a tua família com música?” As pessoas são feitas para estudar medicina, economia ou engenharia.
A escola também tem áreas a melhorar, sendo a principal a falta de espaço – há tantos alunos que querem mesmo, mesmo aprender! Maputo é uma cidade maravilhosa para a cultura, com muitas oportunidades para tocar em concertos e ouvir muita música boa. Este é um ambiente importante na Academia, onde tocar está a tornar-se uma parte cada vez maior da educação musical dos alunos.
Tive muitas conversas agradáveis e interessantes com muitos dos alunos da Academia, das quais estou certo que todos beneficiámos. Há muitas diferenças, mas no nosso coração somos todos iguais. Somos todos jovens que querem a mesma coisa – tocar música e divertirmo-nos!